Pensamento y Revolução

Pensamento y Revolução
"A emancipação do proletariado é tarefa do próprio proletariado" A História cobra muito caro pelas nossas vacilações.É hora de aprofundsar o combate pela organização internacional do proletariado.As crises do sistema capitalista se avolumam, não é chegada a hora para vacilações. Para que não se perca o trem da revolução numa nova vaga revolucionária que se avizinhe.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

As Quebras da Autonomia Universitária 1977 e 2011

As quebras da Autonomia Universitária.
Há 34 anos , quando vivíamos no período da Ditadura e muitos sonhavam que a democracia burguesa seria uma saída para garantir os direitos mínimos da sociedade, aconteceu a invasão da PUC, onde bombas incendiárias foram utilizadas (e deixaram sua marca no corpo de várias colegas). Estava em jogo a Autonomia Universitária, diante de um Estado Ditatorial Burguês representado então pelos Militares.
Muitos anos se passaram. A Ditadura caiu, caiu de podre. Mas antes de cair procurou deixar um arcabouço de instrumentos que garantiriam o controle da sociedade por um bom tempo (que perdura até hoje.
Garantiram o controle ideológico dos meios de comunicação de massa, que reafirmam valores ideológicos burgueses, que criam valores alienantes, de inércia e incapacidade de reação dos estudantes, dos operários, e demais segmentos proletários da população. Cooptam a classe média, e várias organizações que poderiam significar resistência ao poder burguês. Desta forma a transição entre a ditadura e a “democracia “burguesa se faz tranqüila e segura, embora tenha tido como pano de fundo grandes mobilizações, mas na verdade estava “tudo dominado” para perpetuação de um processo alienante e de manutenção do poder burguês.
Um ensino público básico e médio de péssima qualidade garante que o proletariado não tenha acesso à universidade pública. Através de ENEN ou de uma proliferação de Faculdades de fundo de quintal, de péssima qualidade dá ao jovem trabalhador a ilusão da possibilidade de ascensão social e muitas vezes, um olhar de inveja diante aos estudantes de origem mais abastados que entram nas boas e Grandes Universidades Públicas. Isso impossibilita uma verdadeira união entre estudantes das diferentes Faculdades e uma ausência de solidariedade estudantil.
A tão propagada Aliança “Operário-Camponês e Estudantil” nos anos 60 cai no esquecimento. Não se forma mais uma massa crítica, mas um forte desejo de ascensão social através das Faculdades de “fundo de quintal” e uma parcela grande da elite estudante das Universidades Públicas viram às costas para o restante da Sociedade.
Hoje, 9 de novembro de 2011, às 5 horas da manhã a tropa de Choque invade a Reitoria que estava tomada por estudantes que reivindicavam nada mais nada menos que Autonomia Universitária; polícia fora do Campus da USP. O que une a invasão da PUC em 1977 e a invasão da USP em 2011 é que naquela época vivíamos uma ditadura militar burguesa e hoje vivemos uma “democracia” civil burguesa, que com o aparato e a ideologia herdada tem um Status de uma ditadura policial utilizada com o argumento de preservar a Segurança Pública e a propriedade privada.
Ontem, no facebook, os estudantes mostravam a reitoria sem nenhum ato de “vandalismo”, com tudo organizado e limpo. Hoje a imprensa através das declarações dos Policiais que invadiram a reitoria e prenderam 70 estudantes, a reitoria teria sido destruída e (pasmem) os estudantes prepararam 7 bombas Molotov que não utilizaram contra a Polícia, apenas as deixaram no andar térreo para que os policiais invadindo a reitoria pudesse mostrar à imprensa como os estudantes eram verdadeiros vândalos terroristas.
Ora, eu me pergunto por que fazer as bombas e não usá-las, deixá-las, lá, para gerar o flagrante?Porque as bombas estariam no 1º andar e não num andar mais alto para atingir a tropa de Choque quando elas chegassem para invadir a Universidade?
A Universidade pertence aos estudantes assim como o céu é do Condor! Estudante não invade a universidade porque ali é um espaço deles também, podem sim entrar em lugares estratégicos para pressionarem e fazerem ouvir sua voz quando a reitoria não se dispõe ao diálogo.
Na época da invasão da PUC tivemos os meios de comunicação divulgando os fatos (APESAR DA DITADURA) e o apoio da opinião pública. Hoje a mídia mostra os fatos como ocorrência policial e joga a opinião pública contra os que defendiam a Autonomia Universitária.
Revivemos um dos momentos tristes da Ditadura dentro da “democracia” burguesa. Cabe a nós definirmos se esta “democracia” atende os nossos interesses. A quem ela serve? Só uma democracia realmente popular, proletária pode garantir os nossos interesses, nossa segurança, o fim da impunidade.
Pelo fim deste modelo de pseudo-democracia que só pune os que se levantam contra o autoritarismo burguês, contra a desigualdade econômica (que se reflete até no direito ao acesso à Universidade).
Autonomia Universitária Sempre.
(segue em anexo o histórico da invasão da PUC para não esquecermos e que causou indignação em toda sociedade.)
O aparelho repressivo continua aí, quem garante que não haverá outra invasão do mesmo porte? Não podemos nos silenciar nunca.
Todo apoio aos estudantes da USP.
A invasão
No dia 22 de setembro de 1977, aproximadamente ao meio dia, iniciou-se no Salão Beta na PUC uma Assembléia Estudantil Metropolitana. Essa Assembléia visava a decidir as medidas a serem tomadas em protesto pelo cerco policial da USP [Universidade de São Paulo], da PUC [Pontifícia Universidade Católica] e da FGV [Fundação Getúlio Vargas], no dia 21, que impediu a realização do III Encontro Nacional dos Estudantes (ENE). Encerrada às 14 h., deliberou a realização, à noite, em frente ao TUCA, de um Ato Público de repúdio à repressão ao III ENE.
Simultaneamente à assembléia, em condições precárias, delegados de vários Estados se reuniram e realizaram o III Encontro Nacional dos Estudantes na PUC.
Às 21 horas, iniciou-se o Ato Público, com a presença de cerca de 2.000 estudantes
Estava sendo lida em coro uma Carta Aberta denunciando as medidas policiais tomadas no dia 21, quando nas esquinas das ruas Monte Alegre e Bartira, pararam várias viaturas policiais comandadas pelo Secretário de Segurança Pública do Estado.
Investigadores civis e tropas de choque desceram das viaturas, bateram as portas com violência e começaram a dar cacetadas e a jogar bombas nos manifestantes que se encontravam sentados.
Devido à violência da investida, os estudantes se levantaram e correram para a entrada da PUC, vários em pânico. Os policiais os perseguiram, histéricos, dando cacetadas e jogando bombas que expeliam gás, outras que soltavam chamas e outras ainda que espirravam líquidos que queimavam a pele. Os estudantes que entraram na PUC se chocaram com outros que estavam saindo das classes e indo embora para a casa. Tudo isso contribuiu para aumentar o pânico, fazendo que vários estudantes caíssem na rampa e fossem pisoteados e queimados.
Vários estudantes conseguiram escapar, descendo a rua Monte Alegre e outros pelos fundos da PUC. Mas os policiais, agindo de maneira coordenada e rápida, cercaram o prédio logo em seguida, invadindo-o também pelas entradas das ruas Bartira, Ministro de Godoy e João Ramalho.
Consumado o cerco e a invasão, aumentou a violência.
No restaurante, vários estudantes e professores, em intervalo de aula, estavam fazendo um lanche ou tomando café, quando viram a correria na rampa. Assustados, fecharam a porta de vidro do restaurante. Minutos depois chegaram os policiais, que quebraram a porta a golpes de cassetetes e invadiram o restaurante, espancando e insultando alunos, professores e funcionários.
Alunos que estavam nas sedes das entidades estudantis foram expulsos à força, muitas vezes sem ter tempo sequer de recolher seus documentos e material didático. No DA [Diretório Acadêmico] Leão XIII e no CA [Centro Acadêmico] 22 de agosto, colegas que jogavam xadrez viram os tabuleiros serem jogados longe a pontapés.
As sedes dos DA de Filosofia e Letras, DA Leão XIII, CA de Ciências Sociais e Serviço Social, CA 22 de agosto e do DCE [Diretório Central dos Estudantes] foram totalmente depredadas. Portas que estavam fechadas apenas com o trinco foram arrombadas a pontapés. As gavetas foram arrancadas fora das mesas e seu conteúdo jogado no chão.
Em vários restos de portas ficaram bem nítidas as marcas dos pontapés. Em diversas salas foi pichada a sigla CCC (Comando de Caça aos Comunistas), organização terrorista que, como a AAB [Associação Anticomunista Brasileira], vem ameaçando a segurança da população. Uma lista enorme de bens das entidades foi levada pela polícia.
A biblioteca também foi invadida e seus ocupantes expulsos aos gritos e ameaças de cassetetes. Os policiais jogaram vários livros no chão.
Entraram com violência e, usando palavras de baixo calão, nas salas de aula, prendendo todos os seus ocupantes, e muitas vezes espancando-os.
Alunos que participavam de um ensaio de coral na Casa Paroquial também foram presos.
Estudantes feridos, principalmente os que foram queimados pelas bombas que provocaram chamas, só a muito custo foram atendidos. Os policiais não só demoraram muito para levá-los à ambulância, como espancaram os colegas que procuravam atendê-los.
Cabe ressaltar que os policiais, principalmente os investigadores à paisana, comportavam-se com o máximo de violência e arbitrariedade. Espancavam quem quer que passasse à sua frente. Várias pessoas viram um colega que sofreu empurrões e cacetadas e, quando caiu no chão na rampa do prédio novo, levou pontapés. Mesmo depois de dispersado o Ato Público, continuaram jogando bombas, Vários policiais mostravam-se demasiadamente excitados, sem autocontrole, com os olhos completamente “vidrados”. Insultos, palavras de baixo calão e provocações eram feitos o tempo inteiro. Toda essa violência era absolutamente desnecessária, pois não houve, em nenhum momento, qualquer tentativa de reação por parte das vítimas da agressão policial.
No estacionamento de automóveis, mais de 1.500 professores, funcionários e alunos ficaram sentados pelo menos uma hora no chão de pedregulhos, submetidos à triagem policial. Investigadores circulavam nervosamente entre as pessoas sentadas e quando reconheciam na multidão alguma pessoa que procuravam, ou quando alguma pessoa muito ferida exigia ser levada a um hospital, abriam caminho a golpes de cassetete e pontapés entre a multidão. Todas essas violências foram presenciadas pelo Cel. Erasmo Dias, que nada fez para impedi-las.
Cerca de 700 estudantes foram conduzidos em ônibus da Prefeitura ao Batalhão Tobias de Aguiar. Alguns foram conduzidos ao DEOPS [Delegacia Estadual de Ordem Política e Social]. Todos esses colegas foram fichados. Entre os presos, é bom lembrar que havia grande número de estudantes que estavam sem documentos por tê-los perdido durante a invasão. No DEOPS colegas foram submetidos a sevícias e a tratamentos humilhantes. Alguns tiveram que prestar depoimento apoiados numa perna só, ameaçados de serem espancados se perdessem o equilíbrio ou se uma perna encostasse na outra. Um colega, que foi violentamente espancado por investigadores, reclamou, a um delegado, do tratamento a que estava sendo submetido. Então o delegado, em tom irônico, pediu a um investigador que “cuidasse do caso”. Esse investigador levou o colega a um canto e continuou o espancamento.
Desses 700 colegas, 37 foram logo em seguida enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Esses estudantes, vítimas da invasão, passaram a ser interrogados como réus num processo que corre pelo DEOPS e, em outro, que corre pela Polícia Federal. De outro lado, a autoridade que assumiu a responsabilidade pela invasão e pelas violências cometidas é agraciado pelo Ministro do Exército com a “Medalha do pacificador”, a mesma que foi atribuída ao Dr. Harry Shibata (Médico legista que ficou conhecido por ter assinado o atestado de óbito de Vladimir Herzog, em 1975, declarando que ele havia se suicidado, apesar de todas as evidências de que ele havia sido torturado e morto nas dependências do DOI-CODI de São Paulo, como foi comprovado posteriormente).
Considerações finais
1. A invasão, ao que tudo indica, foi premeditada.
O ato público foi apenas um pretexto para justificar a invasão policial. Se o objetivo do Cel. Erasmo Dias fosse apenas dissolver o ato, poderia tê-lo feito usando formas menos violentas, pois sua realização foi decidida na Assembléia do meio-dia, onde havia muitos informantes da polícia.
2. A invasão teve os seguintes objetivos:
a) Represália à realização do III ENE. Este regime que retirou toda a autonomia das entidades estudantis, que fechou os DCEs, UEEs [União Estadual dos Estudantes] e a própria UNE [União Nacional dos Estudantes], que transformou os sindicatos em corporações pelegas, que reprime e tortura aqueles que procuram se organizar em defesa de seus legítimos interesses, não vai deixar o nosso movimento avançar sem também o reprimir, pois este regime se sustenta na exploração da maioria da população e não tolera a reorganização dos vários setores da população em defesa dos seus direitos.
b) Atingir com brutalidade a Reitoria da PUC, que tem se caracterizado pela independência frente às pressões do regime, como quando cedeu as instalações da Universidade para a 29ª Reunião Anual da SBPC, pela defesa intransigente da Autonomia Universitária.
3. Reafirmamos o propósito de continuar a luta em defesa da autonomia universitária. É necessário se pôr fim à triagem ideológica que vigora em todas as Universidades. É necessário denunciarmos pressões financeiras que a PUC está sofrendo desde a realização da Reunião da SBPC.
Numa Universidade onde não predomine o obscurantismo cultural, é indispensável à ampla liberdade de pesquisa e debate. Nesse sentido, quaisquer livros e publicações, por mais polêmicos que sejam, devem circular livremente e serem analisados segundo o interesse acadêmico e não segundo o prisma de policiais em função de censor.
4. As entidades estudantis se regem por princípios de democracia e representatividade. Decisões referentes a atos públicos, tirada [eleição] de delegados para os congressos estudantis e eleição de diretorias são tomadas pelo conjunto dos estudantes, em assembléias e eleições onde não há Lei Falcão, nem AI-5, nem Lei de Segurança Nacional. Nas assembléias, os únicos elementos infiltrados são policiais disfarçados.
Nas entidades estudantis os alunos se organizam para defesa de seus interesses acadêmicos e para se posicionarem frente a questões políticas nacionais.
Reafirmamos o propósito de continuar lutando em defesa de nossas entidades representativas, visando ao fortalecimento dos CAs e dos DCEs livres, a criação de UEEs em todos os Estados e a reconstrução de uma entidade estudantil em nível nacional.
5. Reafirmamos também que as intimidações policiais não diminuirão as nossas lutas por Liberdades Democráticas. Acreditamos que invasões como a que sofreu a PUC só deixarão de ocorrer quando o povo, através de uma Assembléia Constituinte Livre, Democrática e Soberana, substituir o regime policial em que vivemos, por um regime que atenda aos interesses da maioria da população.
São Paulo, 22 de novembro de 1977, DCE-LIVRE da PUC/SP
Publicado no jornal Folha de S. Paulo em 28 de novembro de 1977.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Autonomia Universitária SEMPRE!!!

Quando em 1968 levantávamos a bandeira em defesa da Autonomia Universitária; quando repudiámos a  bárbara invasão da PUC de São Paulo, clamamos pé4la Autonomia Universitária. Nunca pensávamos que essa Autonomia era uma reivindicação transitória colocada apenas contra a Ditadura Militar.Era uma questão de princípio, como o é a questão do Sindicato Livre e Independente, todo poder aos conselhos, direito a pluralidade partidária, isso fosse na ditadura, fosse na "democracia" burguesa, fosse na democracia proletária (socialismo).
A mídia joga pesado tentando (desin)formar a opinião pública, associando a resistencia estudantil aos crimes e consumo de droga na Cidade Universitária.
"ao rio que tudo carrega ,dizem ser violento,mas não dizem violenta as margens que o comprime"...
Ressaltam o fato dos estudantes enrolarem camisetas no rosto, para evitar sua identificação, como se eles fossem bandidos e não estudantes vítimas da repressão (caça às bruxas) da reitoria que culmina inclusive com a expulsão de alunos que se rebelam contra o autoritarismo imposto na Universidade. Interessante notar o cuidado com que a rede Globo, logo após dar as notícias da USP, geralmente acopla notícias de crimes e de ação do narco tráfico; não é mero acaso!
Mas voltemos aos fatos.
Numa tentativa de assalto no estacionamento da Universidade, um estudante foi morto pelços ladrões. Aproveitando a comoção que tal fato desencadeou e a exploração midiática deste fato, a reitoria solicitou a presença pa polícia no Campus.
A partir deste momento a Autonomia Universitária foi , formalmente, rompida.Aliás o processo que vem esgarçando essa autonomia, através da subordinação do currículo aos interesses de empresas e não mais à pesquisa científica livre de interesses econômicos.
É preciso situar a questão a um quadro em que os movimentos (inclusive o estudantil) estão em descenso e não mostram resistencia as perdas graduais de seus direitos duramente conquistados.O ensino público até o nível médio é de péssima qualidade e afunila através do vestibular elitizando cada vez mais o perfil dos estudantes universitários da USP, em sua maioria. A antiga, tão propagada união estudantil-operária já não parece importar tanto. Tudo isso reforça o poder da reitoria e do reitor nomeado pelo governador Alkimin.
Desde de minha época na Universidade (uns 40 anos atrás), parcelas de estudantes consomem maconha e outras drogas, na sua maioria, sem causar nenhum prejuizo no seu aproveitamento escolar. Aliás maconha é consumida quazse que livremente pela cidade e mesmo o nefasto crak tem seu gueto na "cracolândia" onde a presença policial não inibi seu consumo.
Existe ,hoje, um forte movimento pela discriminalização da maconha. Isso não quer dizer que eu particularmente seja usuária ou ache que esse movimento levará a alguma conquista em direção ao socialismo, mas é sabido que as leis caducam pelo seu descumprimento, e me parece que a maconha segue este percurso.
Aliás vale á pena refletir; o que é droga? Droga é tudo o que causa dependência química e psicológica. Daí se conclui que cigarro é droga.E porquê ele não é criminalizado? E a bebida alcóolica então, tão nefasta e geradora de mortes e violência continua sendo vendida, apenas com uma restrição (legal e não real) à idade.
Não defendo nenhuma droga, só não entendo essa associação ao movimento dos estudantes aos colegas que fumavam maconha no Campus. Não entendo a lógica do sistema que proibe umas drogas e libera outras.
Mas o que interessa no momento é a quebra da Autonomia Universitária sob a ridícula alegação de garantir a segurança dos estudantes.
Bem, se polícia rondando pelas ruas garantisse segurança, área próxima a delegacia seria um mar de tranquilidade, o que a prática nos mostra como inverdade.
Um bom sistema de prevenção, com policiamento ostensivo no entorno do Campus, boa iluminação9, Cãmeras de segurança, um maior número de funcionários ,muito bem preparados, garantiria muito mais a segurança da USP e evitaria esse lamentável e previsível incidente entre estudantes e policiais.
A reação inicial de tomar o Prédio de Latras e Filosofia, que ficava mais próxima a área de conflito foi correta, depois a ocupação da reitoria que é o centro do poder e a responsável imediata pela quebra da Autonomia Universitária foi mais correta ainda.
E eu iria até mais longe, não apenas na ocupação mas tentando implantar uma gestão democrática na Universidade.
A essa luta deveriam acoplar outras como:
1. incorporação do ENEN na seleção da USP
2.A implantação de um novo método de decisão curricular; resultante da discussão dos docentes e discentes e representantes da sociedade decidindo o conteúdo dos cursos.
A criação de Conselhos de alunos eleitos em Plenárias nas salas de aula e nas Faculdades que iriam juntamente com funcionários e docentes decidir sobre os rumos da Universoidade.
3.Decisões mais importantes seriam através de Congressos anuais e em Extraordinários emcaso emergenciais, com a presença de delegados eleitos para isso e aberto a toidos os interessados com direito à voz.
4.Pela verdadeira AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA.Pela verdadeira Democracia dentro da Universidade.
5.Pelo fim da subordinação do ensino Universitário aos interesses empresáriais ,mas uma Universidade voltada aos interesses de toda Sociedade, principalmente ao proletariado.
DE IMEDIATO:
Diante o eminente risco da força policial atacar(a pedido do próprio reitor!!!) os companheiros que se encontram na reitoria,
UNIVERSIDADE LIVRE JÁ!
FORA POLÍCIA DO CAMPUS!
PELO FIM DA MANIPULAÇÃO DA MÍDIA AO NOTICIAR OS FATOS!
POR UMA CARTA ABERTA ,A SER PUBLICADA PELA MÍDIA, COM A VERSÃO DOS FATOS SEGUNDO OS ESTUDANTES.  

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Porquê Lula pressiona tanto para o PT lançar Fernando Haddad a candidato à prefeito em São Paulo

  
Porquê o Lula faz tanta questão do Fernando Haddad?Porquê foi pedido (e obedecido) à Marta que retirasse sua pré candidatura, embora as pesquisas a apontasse como preferida parea a Prefeitura de SP? Na lógica de ganhar uma eleição isso não faz sentido. Haddad é um ilustre desconhecido no mundo da política, foi um secretário municipal razoável (mas com pouca visibilidade) nunca participou de uma di...sputa parlamentar e na cidade de São Paulo, Lula não tem o poder de transferir voto como teve com a Dilma em todo país. Então porquê?!!
Acredito que o PT tenha hoje,na sua direção (leia-se a articulação em todas suas matizes) o desejo de apoiar o pré candidato do ex PSDB, atual PMDB; Chalita! As bases do PT , embora sejam até certo ponto manipuladas por mandatos parlamentares que os profissionaliza indiretamente, se rebelariam e fariam um grande barulho.Então talvez tenham encontrado a fórmula mágica de lançar um candidato bem apagado, que seja derrotado e abra a possibilidade de um apoio ao Chalita,Quem é Chalita, um neoliberal que se formou no PSDB, teve uma rápida passagem pelo PSB e oportunistamente se filiou ao PMDB visando sua candidatura à Prefeitura de São Paulo.O autor do novo "Pequeno Príncipe"; o livretinho "pequeno Filósofo", que como Secretário Estadual da Educação causou tantos danos ao ensino e ao magistério do Estado. Esta foi a única explicação que encontro para tanto empenho em perder uma eleição que a direçao do PT está fazendo.Aos verdadeiros petistas, cabe resistir.Prefiro a dignidade do Eduardo Suplicy, que não se lança nesses joguinhos sujos da direção partidária, muito embora eu considere a participação na disputa institucional uma inutilidade, na medida em que o Partido não se apresenta com um programa que realmente atenda os interesses do proletariado.
Aos verdadeiros petistas cabe resistir 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ousar pensar, ousar agir.

"Ainda sonhamos,
ainda esperamos,
que nos digam onde
esconderam as flores
que perfumaram as ruas,
perseguindo um destino.
Onde,onde?" de Victor Heredia

Acho que continuo esta procura, na memória ainda existe este perfume de luta, e se as flores secaram, ainda nos resta as sementes. É difícil viver em tempos onde se desvenda os olhos e nos damos conta que as flores não estão mais lá.
Companheiros continuam alucinando as flores, achando que a colheita se dará dentro de Partidos institucionais, que se quer são ainda partido de massa, e acabam por se perderem nestes canais burocráticos e contra-revolucionários, achando que apenas o nome "Trabalhadores", faz de um partido, o partido de massas, que poderia gestar um partido revolucionário. O que vemos é esses companheiros, entrarem no calendário da luta eleitoral, das disputas internas por cargos num partido dominado por uma burocracia que estufou o partido com "currais de cargos e profissionais de mandatos". Dentro desta jibóia, que é hoje o governo burguês que sustenta a exploração do proletariado, não há eco para fazer frente a burocracia dominante.Os vários rachas que o PT sofreu ao longo de sua história, só gerou Partidos Institucional, pequeno burguês, que tem suas ações pautadas no legalismo, nas disputas eleitorais sejam no estado burguês ou nos sindicatos que se mostram cada vez menos comprometidos com os reais interesses da classe operária, a burocracia sindical se distancia cada vez mais do cotidiano da classe que deveria representar são ricos, poderosos, subordinados aos interesses de governo e portanto os interesses patronais da burguesia. Assim acabam por se tornar um verdadeiro entrave para o avanço das conquistas do proletariado.
E pelo que vemos essa vacância de direção revolucionária é internacional. A grave crise que o sistema capitalista vive, gera revoltas, parentes revoluções contra ditadores (a primavera árabe, como já houve a de Praga, a da Polônia, do Irã e tantas outras que se desfizeram no ar) e no entanto, o socialismo, a única opção para vencer a barbárie não se impões como alternativa devido a crise de direção que o marxismo vive.
O método deixado por Marx, o materialismo dialético é a semente das flores que murcharam ao longo da história. Detendo esse método na análise e na organização é possível criar uma direção realmente Revolucionária.
A tarefa pode parecer muito grande, mas é de pequenos atos, de ações menores que se construirá uma direção revolucionária. è importante saber, que esse "mal estar", essa insatisfação diante deste vazio organizativo que vivemos, é sentida por tantos outros companheiros. A necessidade de uma organização realmente revolucionária , é uma necessidade de toda humanidade.
Ouso sonhar que um pequeno núcleo de militantes aguerridos, críticos, que tenham clareza do método materialista dialético e do programa de transição; poderiam, sem sombra de dúvida, gestar uma alternativa revolucionária, uma organização de quadros voltada para a classe fundamental para a revolução socialista, o proletariado e essencialmente a classe operária.
Como bem disse Marx no Manifesto Comunista: "proletários de todo mundo, uni-vos."
É chegada a hora.
Ana Maria Fuentes

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mais uma vez, recebo e-mail com boas supresas.Uma análise limpa e honesta sobre esse falso moralismo Pequeno Burguês, que sai às ruas, sem grandes respaldo popular, com o slogan Fora Corrpução.Absurdo! Uma direita que nos 500 anos de Brasil se alimentou da política corrupta; uma burguesia que traz as mãos manchadas de todos os níveis de corrupção .Quando foram governo tiveram sempre o preceito de empurrar o lixo para debaixo do tapete,demitiram o chefe da Polícia Federal para impedir que ele levasse as investigações que poderiam atingir o governo FHC.Durante a Ditadura exerciam uma censura absoluta e vendiam a imagem de que o país era um mar de rosas e que os militares e a direita eram o exemplo de moralidade.Em nome desta moralidade e com o instrumento da censura puderam ceifar a vida de tantos companheiros e desviar milhões de dolares. Agora com todos seus acertos e desacertos, quando um governo dirigido pelo Partido dos Trabalhadores expõe as feridas do sistema, a pequena burguesia se faz de indignada. E uma esquerda irresponsável, se une a essa direita acenando as mesmas bandeiras sem se dar conta dos objetivos excusos que se escondem atrás destas manifestações chamadas pela direita. Parabéns ao companheiro Percy que assina a matéria e o querido companheiro Alfredo que me enviou o e-mail.[  
Ana Fuentes Garcia
Reflexão sobre a luta contra a corrupção. Debate muito importante para a esquerda na atual etapa da luta política, principalmente no Brasil. 
Qual deve ser a política da esquerda diante da corrupção?
13 de setembro de 2011
No último 7 de setembro, além das tradicionais manifestações do Grito dos Excluídos, promovidas pela Igreja e por organizações de esquerda, em várias capitais do país ocorreram manifestações contra a corrupção.
Apesar da propaganda de que os protestos teriam sido “espontâneos” e chamados unicamente pela rede social facebook, não pode haver dúvida de que ele foi de fato organizado pela direita. Não só pelo enorme destaque que toda a imprensa burguesa deu à manifestação, mas inclusive pelas participações “ilustres”, como a do senador Álvaro Dias (PSDB) que acompanhou a marcha e no dia seguinte fez pronunciamento saudando os participantes e o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante.
Em São Paulo, onde a manifestação foi mais fraca, não passando de 500 pessoas, segundo O Estado de S. Paulo, chegaram a destacar que ela era uma reedição do movimento “Cansei”, à época notoriamente organizado por figuras da direita e da alta burguesia, como o então presidente da Philips e apoiado da Febraban (Federação dos Bancos) e outras organizações da burguesia.
Outro traço direitista típico foi a insistência no caráter apartidário do ato, impedindo a participação de figuras públicas no ato e até mesmo que se levantassem bandeiras de organizações políticas.
Um dos partidos que não puderam mostrar suas bandeiras foi o Psol, grande entusiasta do ato contra a corrupção.
Que a manifestação seja apoiada pelo senador do PSDB, e certamente por todo o partido, é natural, pois a crítica à corrupção é o típico instrumento da direita para, geralmente por meio da pequena burguesia. combater os governos burgueses de tipo nacionalista ou de esquerda.
Mas quem está engrossando em grande medida essas manifestações, é a própria esquerda pequeno-burguesa, como PSOL e PSTU. Em Brasília, não só o PSOL, mas outras organizações de esquerda participaram da manifestação contra a corrupção, enquanto o Grito dos Excluídos tinha o mesmo mote. Em Minas Gerais, os dois atos chegaram a se fundir, como noticiou alegremente o PSTU em seu site.
Tanto PSOL como PSTU são grandes entusiastas da luta contra a corrupção, o que só os torna grandes colaboradores da direita brasileira.

O empenho em combater o governo do PT, que é evidentemente corrupto, esconde que os outros, em especial a oposição burguesa, também são.
É evidente que a acusação de corrupção é a principal arma da direita contra o governo do PT e se a questão está sendo levantada não é porque queiram moralizar o Estado, mas sim para desmoralizar o PT com vistas às eleições de 2012.
A campanha contra a corrupção foi o grande mote da direita no século XX. Foi o lema da direita pró-imperialista argentina contra Perón, assim como o foi contra Getúlio Vargas. Foi assim a grande isca com que a direita fisgou a pequena burguesia em toda a America Latina para defender seus interesses contra os governos nacionalistas ou esquerdistas, servindo invariavelmente como preparação para os golpes militares.
O fato de a esquerda pequeno-burguesa embarcar com tudo nessa campanha mostra a desorientação, no que diz respeito à luta dos trabalhadores, e um alinhamento com a direita pró-imperialista.
Os trabalhadores não devem se iludir com a fantasia da luta contra a corrupção. A corrupção é a base de funcionamento da sociedade capitalista, de modo que não há corruptos e honestos, mas apenas corruptos. O Congresso Nacional não pode ser moralizado. Não são apenas os corruptos do PT, PCdoB e PMDB que tem que sair. É preciso em primeiro lugar repudiar as tentativas de substituir o Congresso Nacional corrupto por qualquer outra fórmula mágica apresentada para solucionar o problema, como os juízes, o Executivo, as forças armadas, que acabam sempre se revelando mais corruptos que seus antecessores. Em lugar disso, é preciso exigir o “fora todos eles” com vistas a um governo dos trabalhadores.
Perci Marrara
twitter: percimarrara29

domingo, 11 de setembro de 2011

O 11 de setembro americano

Cansada de tanta lamúria midiática sobre o  11 de setembro americano. Indignada diante do silêncio sobre o 11 de setembro Chileno que provocou a morte de Allende, milhares de chilenos, a prisão e tortura de tanos outros por um golpe militar orquestrado pela CIA e pelo governo americano (como foi o do Brasil, do Uruguai, da Argentina e tantas guerras promovidas por esse mesmo governo em todo mundo, sem esquecer o genocídio de Hiroshima e Nagasaki- crimes  que Nuerembergue nunca cogitou de julgar). Recebo um e-mail com esse artigo que socializo com   Esse artigo foi escrito há 10 anos quando a poeira das Torres Gemeas ainda não haviam baixado. E o mundo via atônico o grande império acostumado a atacar outros paises, serem atacado.É importante reflexão que devemos fazer  em respeito a história da humanidade e as possibilidades de um futuro. Ana Fuentes Garcia
Desgraçadamente sempre há os escombros que caem sobre os de baixo

Maurício Campos

Na estética [de gosto duvidoso] dos filmes-catástrofe, livros-catástrofe e arte-catástrofe em geral da cultura dos EUA, quase nunca há espaço para o day after (1): as imagens e a narrativa acabam quando as ruínas ainda estão fumegantes e os cadáveres insepultos, parece que não interessam nada as prosaicas questões de reconstrução ou reordenamento material e social, mesmo quando meio mundo foi destruído. Mas, contra todas as aparências, é bom lembrar que estamos vivendo a real life, e nesta o que importa mesmo é o que vem depois. O espetáculo acabou, ao menos por ora. Já é hora de começarmos a pensar nos aprofundamentos de tendências ou mudanças que nos aguardam, pois elas virão rápido.
Uma das mudanças mais previsíveis é na própria sensibilidade estética de massas. Podemos presumir com segurança que cada vez mais pessoas começarão a considerar de mau gosto entreter-se com cenas e enredos de destruição em larga escala e morticínios em massa, depois de os terem experimentado à vera e de perto. Afinal, alguém ainda tem dúvida sobre no que se inspiraram os idealizadores e executores das ações de 11 de setembro? Há nessa mudança de gosto algo de muito importante, além dos eventuais prejuízos de Hollywood: uma sensibilidade diferente, não mais a indiferença insultante, em relação aos horrores cotidianos de massacres e destruição que o capitalismo-gIobalização espalha mundo afora. Claro que sensibilidade estética ou sensibilidade em geral não quer dizer consciência social elaborada. Tornar-se capaz de horrorizar-se com o horror é uma coisa, correlacionar o horror com a realidade construída pelo domínio do capitalismo-globalização é outra bem diferente e não decorre necessariamente da primeira. Mas já é um bom começo que a crosta de insensibilidade social que recobre a minoria humana que se beneficia [ou que não sofre tão diretamente] das conseqüências do capitalismo-destruição esteja um pouco mais fraturada.

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Guerra. Estado de guerra. Terceira Guerra Mundial. Boa parte da humanidade falou, murmurou ou pensou nisso nos últimos dias. A outra parte escutou. É mais ou menos isso mesmo que nos espera. Mais e menos.
"Terceira Guerra Mundial" certamente é uma expressão imprópria, não por falar de "guerra", mas por falar de "terceira", o que sugere continuidade ou comparação com as primeira e segunda. Essas duas foram as expressões historicamente "maduras" do tipo convencional de guerra moderna, confrontos de grandes proporções entre Estados economicamente dominantes e fortemente armados. Após a II Guerra Mundial, ou no máximo após a Guerra da Coréia, esse tipo convencional de guerra tornou-se cada vez mais periférico. Os Estados que se confrontaram diretamente enquanto Estados no último meio século não foram os Estados dominantes do planeta: Índia e Paquistão, Etiópia e Somália, China e Vietnam, Irã e Iraque, Israel e países árabes, etc. Aliás, o caso do conflito no Oriente Médio ilustra claramente a transição: de 1948 a 1973 foi uma guerra entre Estados, depois disso uma guerra não convencional de um Estado [Israel] contra um povo não enquadrado num Estado [os palestinos e partes importantes de libaneses, sírios, jordanianos, árabes em geral].
É verdade que Estados dominantes confrontaram-se diretamente com outros Estados, mas isso foi menos exemplos de guerra convencional que massacres absolutamente desproporcionais, sem chance para o oponente mais fraco: guerra das Malvinas, do Golfo e, exemplo extremo, a invasão de Granada pelos EUA. Tanto que não foram os conflitos mais difíceis para os Estados dominantes envolvidos: a Grã-Bretanha teve muito mais perdas nos conflitos não convencionais com os guerrilheiros malaios e irlandeses que contra a Argentina nas Malvinas; os EUA tiveram sua única derrota militar universalmente reconhecida na guerra não convencional contra o povo vietnamita.
A existência da potência militar independente da União Soviética durante quase cinqüenta anos sustentou a ilusão de que a grande guerra convencional era uma possibilidade real, portanto ainda uma realidade. Hoje deve estar claro que a era das guerras convencionais entre grandes Estados acabou. Não acabou por acaso, acabou porque o desenvolvimento mundial do capitalismo criou tais vínculos e associações entre as diferentes frações "nacionais" da classe dominante que não há mais como nenhuma delas querer se impor sobre outras através do poder militar de seus Estados. As únicas guerras convencionais que continuam e continuarão são paródias de "grandes guerras": ou são guerras entre Estados periféricos ou são massacres unilaterais de um pequeno Estado por um Estado dominante (2).
Mas Bush, Powell e Cia. não estão planejando sua "retaliação" imediata nos quadros da guerra convencional? Não querem mais uma vez exibir em movimento de destruição suas forças convencionais, jatos, mísseis, porta-aviões e tanques? Bem, isso é um movimento secundário dirigido a um alvo secundário, em parte por cálculo, em parte por desorientação mesmo.
Por cálculo, porque a burguesia mundial nunca deixa passar uma boa oportunidade para ações militares convencionais de grande envergadura que aqueçam seu mercado armamentista (3) [hoje em dia quase totalmente sustentado pelos gastos militares norte-americanos], principalmente em épocas de decréscimo das taxas de acumulação de capital ["recessão"] como a atual [e como foi na época da guerra do Golfo]. Por desorientação ou costume, porque aos capitalistas custa reconhecer que toda a fabulosa máquina estatal-militar de guerra convencional que montaram ao longo de pelo menos três séculos já não é o instrumento mais adequado para combater os seus inimigos principais, que desenvolveram as formas mais inventivas e ousadas de guerra não convencional no último meio século. Finalmente, há uma terceira
razão, de ordem estético-psicológica: os ataques de 11 de setembro foram espetaculares, a cultura cinematográfica norte-americana praticamente obriga que a "resposta" também seja espetacular. Mas a única maneira de se fazer algo espetacular a curto prazo é lançando mão dos armamentos convencionais de destruição total, e isso só tem sentido contra Estados.
Enfim, por várias razões, mais ou menos lógicas, fica agora mais claro que nunca porque interessa ao capitalismo-aniquilação manter um estoque permanente de "Estados-párias", sobre os quais possa periodicamente lançar mísseis e bombas, eventualmente invadir com tropas terrestres. Os maiores candidatos a bola da vez são, é óbvio, o Afeganistão e o Iraque. O último já está isolado mesmo há uma década, é governado por um presidente internacionalmente detestado, e parece que ninguém ligou muito mesmo para o tremendo sofrimento que desde a guerra do Golfo atravessa o povo iraquiano. Já o Afeganistão é governado pelo isoladíssimo, homófobo, machista, teocrático e intolerante regime talibã; até alguém lembrar que, num ataque maciço dos EUA-OTAN, quem vai estar morrendo mesmo são crianças, jovens, mulheres e homens comuns que já sofreram uma cota imensa de horror nos últimos vinte anos, o estrago já terá sido feito. Que deus, jeová e alá tenham piedade dos afegãos e iraquianos, porque poucos seres de carne e osso no planeta terão.

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A "retaliação" convencional dos EUA-Ocidente é tão certa como será inútil, se o objetivo for prevenir outros ataques como o de 11 de setembro. Na verdade, uma guerra convencional-massacre contra Estados sem nenhuma condição de defesa só irá acentuar a realidade que, em última análise, justifica a proliferação de grupos extremistas capazes de realizar aqueles ataques: países, etnias, povos e culturas inteiras levadas a situações-limite pelo capitalismo-globalização, de modo que não têm mais nada a perder e nenhuma perspectiva, a não ser a vingança pura e simples.
No fundo os governantes do capitalismo-carnificina desconfiam disto, por isso suas reações após o ataque foram bastante contraditórias. Por um lado, Bush e Powell agiram como aprenderam na diplomacia belicista tradicional, "declararam guerra" [a ninguém e portanto a todo mundo], buscam uma coalizão internacional, mobilizam tropas, pedem créditos de guerra, lançam ultimatos, etc. Tudo previsível e programado. Porém, na hora de identificar os inimigos a serem atacados, só conseguiram apontar para abstrações [o "terrorismo", o "extremismo", etc.], e uma guerra contra abstrações só pode ser uma guerra religiosa. A linguagem de guerra santa do Ocidente, que andava em baixa desde os rompantes mais alucinados de Reagan, reapareceu apocalíptica: "foi um ataque à civilização", "luta entre o bem e o mal", "quem não está conosco está contra nós", "vamos caçá-los'', "vamos pegá-los", tudo isso foi lançado à cara do mundo por rostos que transpareciam mais perplexidade que raiva.
A perplexidade dos donos do mundo é conseqüência do fato dos ataques de 11 de setembro terem derrubado de uma só vez algumas convicções arraigadas ou cálculos político-militares que até agora haviam norteado suas ações. Em primeiro lugar, os EUA nunca sofreram em seu território um ataque de grandes proporções, desde a guerra de independência há mais de duzentos anos. Nem na II Guerra Mundial as fabulosas máquinas de guerra da Alemanha ou do Japão haviam conseguido atingir algum objetivo importante nos EUA, muito menos um alvo militar tão representativo como o Pentágono. Desde o fim da guerra fria, esse balanço bicentenário parecia coroar-se numa situação de virtual invulnerabilidade, quando nem a ameaça de um ataque em seu território parecia existir.
Em segundo lugar, as formas de guerra não convencional são obviamente conhecidas e estuda-
das pela cúpula militar-estratégica do Ocidente, mas era uma opinião bastante dominante a de que a guerra não convencional, que não usa os recursos de Estados
, não era capaz de ações destrutivas de larga escala nem de atingir alvos militares de primeira ordem. Algum ataque dessa ordem, especulava-se, só era verossímil partindo de Estados que possuíssem tecnologia de mísseis transcontinentais, daí a possessa defesa de Bush de abandono do tratado [já com trinta anos de vigência] que proibia os mísseis anti-balísticos (4). Mesmo após o atentado, e contra todas as evidências, muitos auto-intitulados "analistas" continuam afirmando que, pelas suas dimensões, devem existir "Estados" por trás. Tolice. O total de recursos financeiros necessários a viabilizar a operação foi, provavelmente, bem inferior ao necessário a adquirir no mercado negro de armas meio milhar de fuzis, por exemplo. Há centenas ou milhares de grupos [armados e não-armados] no mundo inteiro com estrutura material/financeira para isso. Na verdade, o que fica hoje escandalosamente evidente, é que o próprio capitalismo-globalização, com seu gigantismo e sua sofisticação tecnológica, cria os meios e as oportunidades para grandes atos de destruição sem que seja necessário recorrer aos meios convencionais dos Estados. Nada mais que uma relativamente pequena quantidade de explosivos, colocados em pontos críticos das estruturas, é necessário para por abaixo a Golden Gate, a Torre Eiffel ou o Big Ben, por exemplo. Uma sabotagem relativamente simples numa usina termonuclear pode gerar um desastre de proporções medonhas. Pequenos grupos podem, hoje, adquirir de máfias diversas no Leste europeu pequenos artefatos nucleares ou quantidades apreciáveis de material químico-biológico, suficientes para massacres da mesma dimensão dos produzidos por bombardeios aéreos pesados. Até 11 de setembro, pouca gente acreditava que houvessem organizações e grupos [fora alguns Estados, como os próprios EUA] dispostos a executar ações como essas. Quem hoje duvida que eles existem?
Chegamos assim à terceira e, talvez, mais importante, reviravolta produzida pelos atentados nas doutrinas estratégicas convencionais [e mesmo não-convencionais] do Ocidente. As forças armadas do capital já têm uma experiência de quase um século com as diversas formas de guerrilhas, guerras populares, levantes insurrecionais e outras formas de luta armada não-convencional desenvolvidas pelos revolucionários sociais [socialistas, comunistas, anarquistas, etc.]. Não aprenderam, é claro, a nos derrotar, mas nos conhecem bem, estudam nossos modos de agir e de pensar, nossas teorias e táticas. Mas guerra convencional levada a cabo não por combatentes que buscam objetivos seculares [a revolução social], mas por grupos de inspiração religiosa ou étnica cujo objetivo muitas vezes é a destruição ou a vingança pura e simples, é uma grande novidade, é algo que passou a existir em proporções ameaçadoras [para o capital] somente no último quarto de século. Por mais semelhanças formais que existam entre os dois tipos de guerra não convencional, há diferenças fundamentais que desorientam completamente as forças da ordem.
Para os revolucionários sociais, atentados e ataques "espetaculares" contra alvos especialmente
significativos nunca foram meramente descartados
, mas sempre ocuparam um papel secundário e bem específico dentro de uma estratégia geral inseparável da mobilização e levante de massas. "Atentados" podem ter um papel propagandístico e tático [para libertação de companheiros presos, por exemplo] importante em determinados momentos, mas sempre estiveram subordinados à sua apropriada repercussão político-social. Uma ação localizada de ataque, se não for para destruir materialmente bases logísticas ou arsenais do inimigo, só faz sentido se servir para divulgação da causa, se repercutir favoravelmente sobre parcela apreciável da população. Por isso, e não apenas por razões "humanitárias" abstratas [e geralmente invocadas hipocritamente], alvos civis não são alvos válidos e a quantidade de vítimas deve ser a menor possível (5).
Todas estas considerações e toda essa psicologia não existem em ações de grupos que buscam simplesmente a vingança ou a desorientação do inimigo pelo terror, que não estão empenhados em construir uma maioria social organizada tendo em vista a revolução da sociedade. Sem dúvida esses grupos e movimentos nascem de realidades sociais bem concretas: são povos, etnias, culturas e religiões espezinhadas e massacradas pelo capitalismo-terrorismo; são pessoas cujas perspectivas de progresso [dentro de seus valores] ou mesmo de sobrevivência foram anuladas e que, sem uma alternativa de revolução, só podem pensar em reagir e se vingar de qualquer maneira, desde que tenham os meios e conhecimentos para tal.
E os meios e conhecimentos, ironicamente, acabaram sendo fornecidos pela própria política
contra-insurgente do capitalismo-contra-revolução. Os estrategistas do capital, à medida que sentiam sua impotência para derrotar militarmente as formas de guerra não-convencional levadas a cabo pela revolução social
, começaram a apelar para todo tipo de força social potencialmente contra-revolucionária com quem pudessem se aliar. Rivalidades étnicas e tribais, chauvinismos, fundamentalismos religiosos (6), comércio de drogas, máfias, neofascismo, tudo passou a ser estimulado de maneira calculada, grupos passaram a ser treinados, armados e financiados, desde que voltassem seus recursos contra a revolução social. Pois os grupos aprenderam, profissionalizaram-se, cresceram além do esperado [impulsionados pela desagregação social produzida pelo capitalismo-globalização] e, em determinada altura, passaram a agir autonomamente e contra os antigos aliados "ocidentais" quando seus interesses ou valores entraram em rota de colisão. Um novo tipo de inimigo cresceu diante do capital, potente, imprevisível, desesperado. O capitalismo-irracionalismo passou a ser atacado pelos próprios demônios que conjurou contra a revolução.
Então, a guerra que começa ou se aprofunda agora é uma guerra não convencional, mas não é a
simple
s continuidade da guerra entre o capital e a revolução social da qual conhecemos razoavelmente as formas e conseqüências. A guerra mundial não convencional de classes prossegue, mas agora paralela ou misturada com outra guerra, que não é revolucionária mas é inesperadamente destrutiva, e que se desenvolve conforme padrões ainda não totalmente conhecidos. Como toda guerra não convencional, ela não se declara, não tem prazo determinado, é travada "nas sombras" a maior parte do tempo. Nela, as garbosas tropas convencionais passam para o segundo plano, e as forças da ordem principais passam . a ser as corruptas e violentas forças policiais e para-militares de todo tipo. A espionagem, a provocação, a tortura e a violência policial passam a contar mais na defesa do "Ocidente" que todas as estratégias militares clássicas conhecidas por generais engalanados. Se toda guerra é suja, estamos hoje diante de uma guerra imunda.

* * *
A linguagem de guerra santa ocidental adotada imediatamente após os atentados por Bush,  Powell, Blair e vários outros não é simples fruto da perplexidade, ou melhor, misturado à perplexidade
está o cálculo, de todo modo insano (7), de utilizar o recrudescimento da guerra não convencional anti-
capitalista para impor o amálgama dos inimigos na guerra em defesa do capital.
Os governantes globais têm evitado, prudentes e assustados, transformar sua guerra santa numa guerra entre o "Ocidente" e o islamismo. O capitalismo certamente não se sente forte o bastante para chamar para a briga a religião que mais cresce hoje no planeta, inclusive dentro dos EUA. Se vão conseguir por um freio na islamofobia que há pelo menos vinte anos tem sido irracional e sorrateiramente estimulada através da imprensa, do cinema e da TV, é difícil prever, mas certamente não contribuirá para isso as declarações de fundamentalismo ocidental que forneceram o contexto para suas patéticas mas nem por isso menos ameaçadoras declarações de guerra.
Bush, Powell e Cia fizeram questão de frisar que os inimigos que iriam "caçar" não eram apenas os grupos autores dos ataques de 11 de setembro, mas todos que combatiam "a democracia [burguesa]", "a liberdade [do capital explorar o mundo]", "nosso [deles] modo de vida", "nossa [deles] civilização [ocidental-capitalista]", ou seja, todos anticapitalistas, independentemente da motivação e objetivos sociais.
Se alguém tem esperança de escapar do amálgama porque é "anticapitalista" mas não é "terrorista" [quer dizer, é partidário fervoroso das formas "não-violentas" de contestação do capital], pode esquecer. A decio de agir violentamente contra qualquer movimento anticapitalista já existia antes dos atentados nos comandos estratégicos globais, ou alguém acha que o recrudescimento da repressão que ficou mais que evidente em São Paulo e Gênova foi por acaso? Ou o endurecimento dos governos contra os movimentos sociais em todas partes do mundo?
Os cruzados ocidentais já estão tomando a mídia e em pouco estarão nas ruas mostrando que quem não se declara abertamente defensor da "democracia" e do "Ocidente", quem sustenta seu anti-
capitalismo, mesmo que não seja "terrorista", "faz o jogo do terrorismo"
, pois estimula os sentimento
s anti-ocidentais e anti-americanos em particular. Reneguem suas blasfêmias, abandonem sua retórica anti-americana e anti-Ocidente [anticapitalista], confessem sua fé na "civilização" e nos "valores ocidentais", caso contrário serão "caçados" tais como os "terroristas"!
O capitalismo-fanatismo alcançará grande parte de seus objetivos, mesmo sem disparar um tiro, se conseguir que boa parte do movimento anticapitalista mundial recue para posições legalistas e de "lutas" dentro da ordem, dissolvendo-se na massa amorfa e inofensiva da esquerda reformista e burocratizada. Quem fizer isto, é claro, estará a salvo, ao menos por ora, das "retaliações" mais pesadas, pois toda a esquerda reformista mundial fez questão de mostrar, após os atentados, que estava no campo dos crentes ocidentais contra a "barbárie" do terrorismo. Certamente todas as variações do reformismo mundial, de Norberto Bobbio a Robert Kurz, apoiarão, mais ou menos envergonhados ou entusiasmados, os ataques "civilizados" dos EUA-OTAN ao Afeganistão ou ao Iraque, exatamente como fizeram há dez anos atrás durante a guerra do Golfo. Há pouca esperança de cumprirem um papel menos lamentável que o de manifestarem esperanças de que todas tragédias e violências sirvam para os poderes do mundo "reavaliarem a globalização", "desativarem os focos de tensão internacional", enfim "humanizarem" o capitalismo-misantropo.
Contra o amálgama terrorismo-anticapitalismo tentado pelos governantes globais, só há uma resposta conseqüente: construir uma verdadeira unidade anticapitalista claramente orientada para a revolução e reconstrução social [e não somente para uma indefinida "destruição do capitalismo"], que junte e funda todas as manifestações de rebeldia e resistência que cresceram à margem do reformismo e do desespero nas última décadas. Os diversos movimentos dos jovens rebeldes, as lutas camponesas e indígenas, a autodefesa dos imigrantes, as nascentes e crescentes movimentações das massas urbanas desempregadas e espoliadas, as resistências das etnias, culturas e povos oprimidos, os movimentos anti-racistas, feministas e outros contra a intolerância e a perseguição. Unidade não apenas contra o capitalismo-globalização, mas pela reconstrução socialista e revolucionária da humanidade destruída pelo capital.

Setembro de 2001

Notas:
1) A principal exceção é o próprio filme Day After, por sinal uma obra com algum objetivo crítico, portanto fora dos padrões hollywoodianos: tratava-se, em plena era Reagan, de chamar a atenção para as pavorosas conseqüências de um presumível conflito nuclear, que os projetos delirantes do governo norte-americano de então contabilizavam como algo plausível.
2) As correntes e organizações de esquerda, muitas ainda reivindicando o marxismo, que ainda não compreenderam isto e seguem prevendo "guerras imperialistas" nos moldes em que falaram Lênin e Rosa, por exemplo, no início do século XX, deveriam a esta altura se aposentar intelectualmente e parar de chamar de marxismo sua monotonia dogmática. Inclusive porque a falsa perspectiva de se contar com grandes "contradições interimperialistas" entre os Estados dominantes é uma das fontes do erro estratégico de ainda se pensar em "revoluções nacionais" que conquistassem o Estado para dele se servir para confrontar militarmente o "imperialismo" numa guerra convencional.
3) Falo aqui de "mercado armamentista" porque outra expressão usual mas equivocada que devemos parar de usar é "indústria armamentista". A rigor não existe nenhuma "indústria armamentista", as grandes indústrias que fornecem o armamento convencional pesado são as mesmas grandes corporações que dominam a "produção civil" nas áreas mecânica, aeronáutica, eletrônica, naval, petroleira, etc.
4) Claro que a argumentação da equipe militar de Bush é capciosa e, em boa parte, por trás dela estão simples interesses armamentistas e uma visão estratégica de dissuasão pela força que beira a insanidade. Mas é interessante notar que, na política militarista de Bush-Powell, anterior mesmo aos atentados, estava implícita a admissão que no mundo existem setores ferozmente anti-norte-americanos capazes de grandes ações destrutivas.
5) O tipo de ataque feito ao Pentágono [se não fosse suicida e envolvesse um avião civil cheio de passageiros] certamente seria válido por esses critérios. Já o ataque ao World Trade Center seria altamente questionável mesmo se não fosse suicida. Se é verdade que só condicionalmente podemos dizer que o WTC era um alvo puramente "civil" [pois nele encontram-se diversos escritórios de grandes corporações que abastecem o mercado armamentista], e que portanto nem todos que o freqüentavam eram "vítimas inocentes" em potencial, só a quantidade enorme de vítimas já determinou uma repercussão desfavorável à ação.
6) Que o fundamentalismo islâmico foi claramente utilizado e estimulado pelo capitalismo nos países muçulmanos contra as tendências revolucionárias seculares e mesmo islâmicas, é algo que a essa altura todo mundo sabe, embora poucos gostem de lembrar. Mas quase ninguém lembra que, já faz pelo menos quarenta anos, o fundamentalismo evangélico tem sido estimulado de perto pelos estrategistas do capital em várias partes do mundo, particularmente na América Latina, como forma de combate contra as tendências libertadoras e revolucionárias no interior do cristianismo. Que podemos esperar desse fundamentalismo "cristão" que hoje já tem uma influência assustadora?
7) Alguém ainda espera sanidade e razão da parte do capitalismo-apocalipse?

 A "globalização" também faz vítimas nos andares de cima.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

..."ONDE ANDARÁ NICANOR?"...

Onde andará meu povo?
Na iluminação distante,
na solidão de um banco universitrário,
na prensa da fábrica,
na multidão que passa
emudecida, acabrunhada?
Onde andará meu povo?
O antigo camarada,
que ao meu lado sonhavamos,
mangas arregaçadas...
Nossas vidas pela revolução!
Cadê você camarada?
Onde andará meu povo?
Éramos tantos,
caminhávamos lado à lado
nas sombras da clandestinidade,
nos reconhecendo pelo tato.
Éramos todos, éramos uno
nos sonhos,nas derrotas,nas lutas,
nos galpões da ditadura.
Se amando solidários, solitários...
Tateávamos na escuridão do tempo,
rumo ao socialismo,
rumo |à Revolução.
Tinhamos carinho y Paixão.
Onde andará meu povo?
Procuro nas ruas,nas caras,
na vida, no tato, no olfato...
Encontro pessoas perdidas,
estranhos caminhando solitários,
na ausência de sonhos solidários,
coletivos, sem perspectivas no amanhã.
Ah, onde se escondeu meu povo?
Mudaram, mataram, morreu?
Talvez
morri eu.
Ana Fuentes Garcia