Pensamento y Revolução

Pensamento y Revolução
"A emancipação do proletariado é tarefa do próprio proletariado" A História cobra muito caro pelas nossas vacilações.É hora de aprofundsar o combate pela organização internacional do proletariado.As crises do sistema capitalista se avolumam, não é chegada a hora para vacilações. Para que não se perca o trem da revolução numa nova vaga revolucionária que se avizinhe.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

É vero.

É um conto; mas se em cada conto aumenta-se um  ponto, então há um (des) conto!()

Sou geração intermediaria.
Não vivi a intensidade das grandes revoluções do século XX, apenas escutava o eco das vozes dos meus pais é avó sobre a magia da Revolução Russa, da Revolução Espanhola (“El sangre de España no és sangre de escravo, El sangre de España no és sangre de escravo...”). Meus sonhos eram povoados dos heróis revolucionários. Amava Che, amava Fidel, chamava Stalin de avô (cruzes!!!), Lenin era um quase deus, e Trotsky era nome proibido, quase um xingamento.
O dia que minha mãe descobriu que eu havia me tornado trotskysta, quase enfartou. Desesperada, dizia que preferia que eu fosse uma "puta da zona"! E eu lhe respondia,calma mamita, posso ser os dois! Apesar da ironia, quando fui cooptada por uma organização trotskysta, fiquei dias meio em choque, analisando como,onde eu havia me tornado "traidora", porque essa era a história que eu escutara durante toda minha infância e mesmo no inicio da minha militância em um partido ,na época. maoista (stalinista). 
A injustiça social, a miséria, a morte e prisões de companheiros ou algumas das muitas derrotas sofridas doíam fundo no meu peito (ainda doem).
Aos poucos as vozes se tornaram sussurros, silenciosos, cautelosos víamos sombras ameaçando nossas vidas. Sombras ameaçavam minha família, nossas vidas. Era a crise da renuncia do Janio, a posse do Jango e por fim o fatal golpe de 1964.
No entorno de casa, brincava sozinha, rastejava pelos matos, pegava escondido, a espingarda que minha mãe tinha em casa, me sonhava guerrilheira.
Companheiros passavam pela minha casa e pela minha vida. E na maior parte das vezes nunca mais os via.
Pequena observava o enorme mundo dos adultos e através deles via um universo em eterna ebulição. E me sonhava adulta, num mundo com mudanças profundas, que faríamos revolução.
Houve segredos. Clandestinidade, companheiros mortos, presos, amigos nunca mais visto. História vivida, histórias contadas. Vidas cortadas. Em parte lida nas manchetes dos jornais, parte imaginada.Tudo me fez diferente na infância, na adolescência, na vida adulta.
Entre muitos e mitos vivia a busca da “minha gente”. Encontre,desencontrei,procurei, reencontrei e tantos perdi.
Onde achar a coerência entre o dizer e o ser, entre apregoar e fazer?
O tempo foi esculpindo imagens de vacilação, de traição, de cooptação. O que as prisões e torturas não fizeram o sistema moldou através do tempo. Desistiram de lutar no caminho da revolução.
Solidão.
Vivi fora do tempo onde meu coração batia e apanhava com isso. Vivi longe das pessoas e histórias que meu coração pedia e me perdia com isso.
Importa pouco essa solidão histórica, apenas dói.
E como continua doendo através da descrença em pessoas, em míticos companheiros que abandonaram nossas bandeiras pelos (dês) caminhos da vida.
A lição ensinada: um passo adiante das massas, um passo de solidão!
Ainda procuro camaradas, escuto discursos e procuro a coerência entre a intenção e os gestos.
O tempo passou, passa.
Arrasto sonhos, esperanças e procuro desesperada o sentido do viver.
Importa pouco esta solidão histórica.
Apenas dói.

Ana Fuentes Garcia

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