Não sou de Itabira,
terra de aços e pedras
que esculpiram Drummond.
Tão pouco vim de terras áridas
De morte e vida
Do João Cabral.
Sou de Bauru de areias quentes,
Velhos trilhos Noroeste,
Que hoje adormecem
Entre dormentes e matos,
Maquinando lembranças
De tempos passados.
Depois veio o Rio
de Janeiro e fevereiro...
Da boemia, bossa nova.
Cem mil nas ruas gritando,
a dor da morte do Edson,
grito sufocado de Liberdade.
Faltou-me a força do aço e do árido.
Vaguei pela vida “céu azul e um mar”.
Mas trazia no peito as vermelhas bandeiras,
fazendo ” a hora acontecer”.
Carrego ainda os sonhos do vir- a -ser.
Perdi companheiros, amigos.
Construí uma vida quebrada.
Sonhos enlevam, voam distantes...
Escorregam palavras
entre as linhas da página.
Das dores calejadas na vida
os sonhos se fizeram maiores.
Cicatrizes mapeiam
o que o tempo esconde.
Emudece a força das palavras,
poesias, histórias que fossem Severinas
ou forjados nos fornos de Itapira.
Procuro palavras lapidadas
Só há “coisa simples”, depurada
sem adjetivos, advérbios.
Apenas verbos dando forma à alma.
Revela a ausência de uma raiz
dentro de mim.
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